Quero ouvir a tua voz CRISTO
O grito daqueles que choram calados
Quero ouvir em tua voz
O ruído dos desesperados
Quero ter imprimida ao peito
A memória do rejeitado
Ter sua dor e sua agonia
A aflição do desamado
Quero ter olhos
Que vejam os invisíveis
E toquem suas almas perturbadas
Fita-los as feridas que ardem
Em seus corpos incendiados
Ter como pele a vergonha da carne defraudada
Escorrer das entranhas aos orifícios
O sangue negro, impuro e maculado,
Fluente torrente de devassidão
Dos olhos que molestam, da intenção que desgraça.
Ter á mesa a miséria dos não abastados
Retorcer-me convulso ao estômago absorvido
Tocar a pele do sozinho e desabrigado
Consolar as mães despedaçadas os filhos de olhos para sempre cerrados
Fazer ecoar melodias nas mentes dos surdos
Aquietar a revolta que devora a alma
Compreender a loucura dos desesperados
Dar vista aos cegos, criar voz em desalmados.
Quem pode sair ileso a um dia sobre a terra?
Aos mortos que vivem e aos que vivem mortos
Aqueles não têm história
À memória só a lembrança da dor
É terror do passado e presente
Vivo aos nossos olhos consumindo o ar de respirar
É a desesperança e desconsolo no dia futuro
Não conheceram calma e o tormento os espera