quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Cristo

Quero ouvir a tua voz CRISTO

O grito daqueles que choram calados

Quero ouvir em tua voz

O ruído dos desesperados

Quero ter imprimida ao peito

A memória do rejeitado

Ter sua dor e sua agonia

A aflição do desamado


Quero ter olhos

Que vejam os invisíveis

E toquem suas almas perturbadas

Fita-los as feridas que ardem

Em seus corpos incendiados


Ter como pele a vergonha da carne defraudada

Escorrer das entranhas aos orifícios

O sangue negro, impuro e maculado,

Fluente torrente de devassidão

Dos olhos que molestam, da intenção que desgraça.

Ter á mesa a miséria dos não abastados

Retorcer-me convulso ao estômago absorvido

Tocar a pele do sozinho e desabrigado

Consolar as mães despedaçadas os filhos de olhos para sempre cerrados


Fazer ecoar melodias nas mentes dos surdos

Aquietar a revolta que devora a alma

Compreender a loucura dos desesperados

Dar vista aos cegos, criar voz em desalmados.


Quem pode sair ileso a um dia sobre a terra?

Aos mortos que vivem e aos que vivem mortos

Aqueles não têm história

À memória só a lembrança da dor

É terror do passado e presente

Vivo aos nossos olhos consumindo o ar de respirar

É a desesperança e desconsolo no dia futuro

Não conheceram calma e o tormento os espera

Nenhum comentário: