sou um homem só
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Só um pouco de tristeza, um pouquinho
sou um homem só
sexta-feira, 2 de julho de 2010
sábado, 22 de maio de 2010
Um Quarto, Duas Salas
sexta-feira, 26 de março de 2010
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
entre os dedos
Pobres das flores
Incautas e belas
Que me caem nas mãos
Nessas mãos desastrosas
Que a beleza devora
E esfrega entre os dedos
Esfaceladas entre a boca e o nariz
Pobre das mãos que não
sabem ser delicadas
Que a tudo esfarelam
E cheias de marcas
rosáceas choram as mágoas
De um espinho
Pobre pobre das flores
Que essas mãos devoram
Pobre, mãos tão pobres
Que nunca se perdoam
Pobres que a tudo matam
e que nunca morrem
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
Da dúvida
Tenho muitas dúvidas e grande parte delas são destinadas a Deus e ao que ele deixou em suas memórias. Mas quando reflito mais um pouco acabo reconhecendo que ainda mais dúvidas eu endereço aos irmãos que desde muito antes de mim tiveram suas dúvidas e deixaram um legado de doutrinas e pensamentos. Não estou sendo ingrato, não é por rebeldia que duvido, sei muito bem quão importantes eles foram, não os desconsidero, tenho respeito, mas também tenho o direito de duvidar e pelo menos, tentar entender; trazer para dentro de mim, ou seja, compreender, as explicações que deram.
E tantas outras incertezas devo aos que ainda me rodeiam, àqueles que me resigno a escutar. Sim, sou um todo de dúvidas. Fechava os olhos e toda a vez que me dava conta era torturante conviver com essa idéia. Agora posso começar a ter um outro olhar, e a despeito de tanta inquietação dentro de mim que remói tudo que ouço, tudo que leio e teima que agora e já preciso de saber no que acreditar, em pormenores; um medo terrível já se dissipa, o medo da dúvida esvaece. Entre o desconforto e o incômodo de estar errado e a altivez e conforto de estar certo; é entre, nesse vale desabitado que chama à solidão a vida ganha densidade enquanto sob os ombros o peso se alivia.
Deste diálogo incessante presente em todo lugar da minha existência e talvez inexistência, tenho a impressão de que é impossível estar sozinho, a solidão de que acabei de falar é do tipo comunitário, interessantíssima. Uma solidão-comunidade, por que se estou só, será comigo e comigo mesmo, se acompanhado nessa solidão, comigo, comigo mesmo e com Deus. No meu caso, Deus é o que menos fala, eu sou o que mais ouço e eu mesmo o mais tagarela.
Infinitamente estranho é que todo esse universo às vezes inexiste e em tantas ocasiões é mais real do que o mundo para além das janelas dos meus olhos. Deus só é visível no mundo invisível existente dentro de mim, eu sou um universo e a fronteira não poderia ser mais frágil é a carne e sangue que engole minha alma.
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Encantador de dores
Encanta o pranto meu
Encantador de amores
Encanta, encanta
A fração que morre e morria
A morte preferida, encanta
Tão docilmente o sorriso vazio
Meu marasmo, meu caminho
Encanta lá, a superfície rasa
Melodiosamente, encanta;
Encanta a respiração fria
E dá movimento ao rio que corria, e se ainda corre
Dar-lhe-ia o nome aspirado e festivo
De alegre e encontrado
Encanta encantador
O som parado, corriqueiro
A aridez pela qual permeio
A vida encantadora
terça-feira, 27 de outubro de 2009
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
Garganta
Cantando e dando passos aos pés
Até me esvaziar por dentro
Lançar boca a fora
Uns tristes lamentos
Com rima e sem sentido
Tendo nas palavras, a cara,
A boca, os pés,
O branco dos olhos
Devagar deixando esgotar
Do buraco da garganta,
Nós, daqueles que sempre vivi
Desafinar para vida
Sem medo da face dela
Mesmo que a dela seja a minha
Minha derrota e minha imagem
A dor que é minha idade
Fecho os olhos,
Projeto a voz e,
Vivo